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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

AFRICANIDADE: ESSA CULTURA TEM COR - PROJETO DO CENTRO DE ENSINO JOSE JUSTINO PEREIRA.

INTRODUÇÃO

            O empenho de percorrer este olhar da estética afro brasileira é entender que o homem não esta relacionado somente ao aspecto biológico em frente ao mundo contemporâneo, esse corpo limitado traz símbolos, valores que transcende e que depara-se com a indústria cultural, a logística e que ele é um  homem histórico, pois esta mergulhado como ser histórico que tende perceber esse cenário de ontem, hoje e do amanhã.
Ao falarmos sobre corpo e cabelo, inevitavelmente, nos aproximamos da discussão sobre  identidade negra. Essa identidade é vista, no contexto desta projeto, como um processo que não se dá apenas a começar do olhar de dentro, do próprio negro sobre si mesmo e seu corpo, mas também na relação com o olhar do outro, do que está fora.  Nessa mediação, um ícone identitário se sobressai: o cabelo crespo. O cabelo e o corpo são pensados pela cultura. Nesse sentido, o cabelo crespo e o corpo negro podem ser considerados expressões e suportes simbólicos da identidade negra no Brasil. Juntos, eles possibilitam a construção social, cultural, política e ideológica de uma expressão criada no seio da comunidade negra: a beleza negra. Por isso não podem ser considerados simplesmente como dados biológicos.
No continente africano os cabelos nos seus trançados desenhavam uma simbologia. Estes com suas formas, designs indicavam status, estado civil, identidade étnica, localização geográfica, religião, classe social e ate vida pessoal. Ate aqueles cabelos despenteados indicavam estado de saúde.
            Marc Bloch que afirmava que “tudo o que o homem diz ou escreve, tudo o que fabrica, tudo o que toca pode e deve informar-nos sobre ele” (LE GOFF, 1990, p.89), Roger Chartier ampliou o conceito de fonte histórica, ultrapassando os limites do texto escrito para abordar também as práticas culturais a qual estes estabeleciam ou se inseriam, as formas de produção, reprodução e recepção dos textos. Assim, Chartier valoriza não somente a materialidade, mas, também a oralidade, a forma de ler ou dizer, que segundo ele, em alguns momentos da história e, em determinadas sociedades, foi utilizada para perpetuação do poder.( CHARTIER-1991).
         O povo que foi transladado para um mundo que não tinha parente para visitar e nem a passear. Embora em terra desconhecida e uma população que seus traços culturais são diferentes, foram adaptando-se e “impondo” sua cultura.
            As memórias presentes na cultura do afrodescendente são muito ricas. Histórias, danças, costumes, religiões, que fazem a África continuar além do território Africano, e também reinventar a África aqui no Brasil.
          Será que os negros quando colocavam as crianças para ninar, não cuidavam de certo modo ou tiravam as responsabilidades dos pais de cuidarem, quando estes estavam doentes muitos não faziam chá para curar antes que chegasse um profissional para fazer os primeiros procedimentos especializados. E os anciãos negros quando não tinham  mais serventia para o trabalho nas fazendas de cana ou cafeeira não saiam para contar as historias ou a cantar as musicas, que mesmo desprovido de letramento passavam através da oralidade para a formação do cognitivo dos filhos que esses ganhavam destaques ou honra ao mérito nas faculdades.
              Não podemos nos refutar que nas noites enluaradas os homens de mãos calejadas, descalços, esticavam o couro, usavam a casca de coco que tinha uma perfeição no corte e usam junto com fragmentos que eram desprezados, faziam seus instrumentos e com roupas de tecidos grossos, cabelos que nem levavam o pente, pois suas madeixas não permitiam, pois os mesmos eram fabricados para os finos e leves cabelos lisos, mesmo assim usavam a criatividade nas tranças, curtas ou longas e remexiam seus corpos na leve brisa e causavam sensualidade que faziam homens e mulheres ficarem preocupados com seus valores e moralidade.
            E mais interessante ainda, era a gastronomia que enriquece e tem herança na mesa de cada dia. Apenas farelo de coco do suco que já foi tirado mexendo com a cana de açúcar uma doçura de cocada a aprontar. A feijoada que hoje é feita  com feijão preto, antes o feijão fradinho que também era chamado de feijão da terra. Somente com a culinária afro-brasileira ela preenche a mesa e nem da espaço a sobremesa.
              Do período colonial ao republicano contemporâneo temos escritores que mostraram sua relevância social, em destaque o centenário machado de Assis, Inácio Xavier de Carvalho, Gonçalves Dias, Aluísio de Azevedo, Oswaldo de Camargo, Celso Althayade, Cruz e Souza.
              Que povo que navegou o desconhecido e sem perceber construiu um universo que traz a carga de valor inestimável que dar suporte a diversidade cultural rica que seja nos instrumentos musicais, gastronômico por ultimo o vocabulário que traz e deve ser respeitado e ecoado como valor cultural tão importante quanto outros dialetos presente na sociedade.
 A população africana chegou a América fez historia e elege a culinária, dança, vocabulário, elementos que perpetuam ate os dias vigentes. Vários  autores discorrem esses olhares que o verso questiona com forma norma ou natural, o que se quer valorizar e percorrer é a beleza africana que esta enraizado no Brasil, mas precisamente em São Luís no que se refere ao grupo expressivo que da destaque ao segundo estado do pais em população afro-brasileira. Destacando através da oralidade e acervo bibliográfico analise de iconografia a importância dessa cultura de fato e não no imaginário. Portando assim sua valorização e o desejo que somos todos iguais independentes de cor ou raça.

JUSTIFICATIVA


A população brasileira é formada multirracial, com seus costumes, tradições. A visão que esta em destaque é este homem de pele clara, mulher alva, corpo perfeito que identifica o padrão social que a moda estabelece.
Esse conceito sempre foi legitimado pelo viés da mídia audiovisual, impressa colaborando e justificando para esta temática cristalizada.
Do período colonial a essência dos vestidos e as cintas marcavam as silhuetas das mulheres e restringiam a performance das mesmas, enquanto as mulheres que faziam os trabalhos domésticos, levavam os filhos dos senhores para as escolas para aprenderem as primeiras letras, andavam sem esses cuidados aprimorados pela sociedade que estavam aos olhos de cobrança. No tempo republicano algumas situações foram modificadas, não a pensar nessa mulher que deixava seus ombros a mostra, os tecidos de algodão grosseiros, as vezes amarrado com torçal na cintura. O que levou essas modificações, esta relacionada a que?

  PROBLEMA

O projeto apresenta algumas indagações, ao questionar sobre corpo e estética africana, nos faz refletir os locais, lugares ou espaços em que o corpo e os cabelos são qualificados com expressões de identidade negra. Esses elementos não se restringem aos salões ou lugares específicos, pois eles trabalham a representatividade social e a beleza do negro(a) na sociedade brasileira. É a pauta principal deste projeto.
 HIPOTESE

O projeto tem a pretensão de abrir o leque de discussão do cabelo afro e cor da pele na perspectiva da contribuição da identidade negra e por sua relevância, como o negro vê e é visto pelo outro.

  OBJETIVO GERAL

Trabalhar o corpo e a estética africana como elemento histórico no contexto de atores sociais trazendo a discussão do conceito de contemporaneidade

1.2.1        OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

O papel histórico do corpo e a estética africana na formação brasileira, partindo da premissa que a cabeça humana segundo Platão é a imagem do mundo. E neste contexto fazer uma reflexão como se traduz as cabeleiras afros e o vestuário numa perspectiva de formação de uma identidade.

 REVISÃO DE LITERATURA

Percebe-se que ao longo da Historia o africano tem sua maneira própria de viver. E essa maneira chama-se cultura. Ela contribuiu para a construção de um povo brasileiro, estando presente na cozinha, suas festas, suas crenças, sua língua, suas vestimentas.

Esse africano dispondo do valor cultura materializa-se nas manifestações estéticas integrando a vida e a sociedade, com suas forma corporais e suas cabeleiras formam uma construção artística, social e historiográfica fazendo uso a da transformação e da experiência cotidiana.
No caso do Brasil, a cultura africana esta mesmo na cabeça dos brasileiros. Ela influenciou e continua influenciando o que entendemos por beleza. Os penteados afro constituem um dos nossos forte elos com a África e são também um modo criativo de ser “africano” no Brasil. (LODY-2004)
O cabelo do negro deve ser usado como forma de cultura de resistência, contra a imposição do padrão de beleza branco. O corpo do negro, por vezes, recebeu denominações que o menosprezava: se o branco tinha cabeça, cabelo, lábios, nariz e pele, o cidadão afro respectivamente tinha carapina, pixaim, beiço, venta e lustro, o que resultou em uma imagem distorcida que humilhava e ridicularizava o negro. Apresentando aos negros que o ideal é um cabelo liso, embora a realidade da população brasileira seja negra.
No início do século XV, com a escravidão das sociedades africanas, o cabelo exerceu a importante função de condutor de mensagens. Nessas culturas, o cabelo era parte integrante de um complexo sistema de linguagem. A manipulação do cabelo era uma forma resistência e de manter suas raízes.
As tranças serviram como pano de fundo de diversos movimento como, marcha dos direitos civis nos Estados Unidos, o aparecimento de movimentos negros como o Black Power e os Panteras Negras, que lutavam pelos direitos civis e enalteciam a cultura afro.
O ato de trançar os cabelos marca a infância da criança negra, pois, é neste momento que as mães reúnem seus filhos e trançam cuidadosamente os seus cabelos. Este ato é transmitido de geração para geração e o aprendizado da técnica é feito através da observação.
Observando a relação das crianças com este primeiro penteado, podemos analisar alguns fatos que marcam a criança até a sua vida adulta. (CLEMENTE2010)
Na cidade de São Luís   que tem um numero expressivo deste povo que veio trazido no referencial histórico de uma revolta que todos conhecem que esta registrado nos livros que as grades curriculares conhecem muito bem que é a revolta de Beckman, acordo firmado  entre a província e o marques de pombal, na época representante legal de Portugal, contribuiu para esse numero de bantos e sudanês, com características próprias e diferenciando sua exposição no modo como a identidade africana se recria em nosso território, pretende-se aqui enfatizar a relevância que a tradição de penteados afro tem para a atratividade turística no país, considerando a relação que esta tem com a imagem da cultura rica e miscigenada que exportamos.

No contexto citado, destacam-se as formas de se vestir e mostrar o cabelo, baseadas nos costumes tradicionais que ficaram como herança do outro continente.
De acordo com observações e interações estabelecidas em campo, pôde-se observar que a maior parte dos profissionais atuantes nas áreas pesquisadas, aprenderam o oficio com familiares ou amigos e desta forma o transmitem à ajudantes, que aprendem basicamente através da observação. De modo que, a maioria deles, tem na atividade de trançadeira a principal fonte de renda e sustento da família.
Assim, percebe-se a importância do ofício de trançadeira, que além de ser meio de manutenção cultural é fonte de sustento seja para os que trançam nos salões afros ou institutos afros, ou seja lugares especializados.

   METODOLOGIA

O método utilizado para a fundamentação do trabalho em questão será analise de iconografia que apontam essa temática. A obra de Raul Lody que traz uma discussão sobre a sensualidade do zoomorfismo na cabeça, enfatiza cabelo e identidade. Aos blogs que abordam o significado de cabelos crespos, afro hair, Black Power. O trabalho também entra no universo da obra de Nilma Lino Gomes que retrata o corpo e cabelo como símbolos de identidade negra, na qual imerge no ambiente dos salões para analisar as concepções semelhantes, divergentes e complementares sobre cabelo crespo, o corpo e a beleza negra e a condição do afro na sociedade brasileira.
O ato de tocar a cabeça do outro é muito significativo, o cabelo traduzido como signo de identidade cultural, permite e colocam negros e negras no centro de seu processo histórico.
Criar penteados é uma forma de retomar histórias e memórias pessoais e outras de significado mitológicas, unindo assim, o sagrado ao cotidiano.

PUBLICO ALVO: alunos do ensino medio do 3 ano (301,302,303) turno matutino.


REFERENCIAS

CLEMENTE, Aline Ferraz-TRANÇA AFRO – A CULTURA DO CABELO SUBALTERNO,disponívelemhttp://www.usp.br/celacc/ojs/index.php/blacc/article/viewFile/247/261.Acesso em 08/092013.
CHARTIER, Roger. O mundo como representação. Estud. av. , São Paulo, v. 5, n. 11, abril ,1991.
GOMES, Wanessa DenyelleSousa,  SILVA, FrancielleSueniada -Por que ninguém passa a mão em cabelo “ruim”? Da negação a valorização da identidade negra. Disponível em WDS GOMES, FS SILVA - editorarealize.com.br. Acesso em 08/09/2013.
GOMES, Nilma Lino. Cultura negra e educação. Revista Brasileira de Educação: nº.23 Rio de Janeiro, Maio/Agosto 2003. Disponível em: Acesso em: 08/09/2013.
GOMES, Nilma Lino, Sem perder a raiz: Corpo e cabelo como símbolos da identidade negra. Minas Gerais. Autêntica, 2006.
ITURREZ Barbara Brasileiro- A cultura e seus produtos: o caminho do simbólico ao mercado cultural. Disponível em www.usp.br/celacc/ojs/index.php/blacc/article/view/168/197,‎ acesso em 7/09/2013.
LODY, Raul Giovanni. Cabelos de axé: identidade e resistência. Rio de Janeiro: Ed. SENAC-Nacional,2004. P.11.
MALACHIAS, Rosangela. Cabelo bom. Cabelo ruim. Coleção percepções da diferença. Negros e brancos na escola. Vol.4, São Paulo: NEINB, 2007
SANTOS, Jocélio Teles. O negro no espelho: imagens e discursos nos salões de beleza étnicos. Estudos Afro-asiáticos nº38 Rio de Janeiro, dezembro 2000. Disponível em: Acesso em: 08/09/2013.

Apresentaçao ocorreu no dia 21 de novembro na escola Jose Justino Pereira, localizada na Cidade Operaria, na  gestão de Vânia Meneses e Iraildes (vice).

Organizadoras do projeto: Prof. Esp Ilma Araujo, Cristiane e Luciana.
Apoio: professores: Cátia, Veridiana, Flavia, Eduardo, Ana Paula, Gersiran, Lucimary, Reginaldo, Edivilson.
Coordenação: Nonata.

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